O Bertrand Meyer, professor de Informática que criou há 40 anos a estratégia de desenvolvimento de software Design by Contract, diz que a "IA não tem nada a ver com inteligência".
Ele começa por dizer que:
“IA é um termo que foi criado por John McCarthy na Universidade de Stanford” nos anos 50, lembra ao DN Bertrand Meyer. “E tinha a ver com raciocínio lógico: fazer um enorme esforço para codificar regras lógicas na máquina. Falhou miseravelmente.”
Isto porque “a vida é demasiado complexa”, continua o professor e engenheiro informático francês, que em 1985 criou a estratégia de desenvolvimento de software Design by Contract, que ainda hoje é utilizada, bem como a linguagem de programação Eiffel. “Era a abordagem correta, mas falhou. O mundo é demasiado complexo para reduzir a regras.”
Segundo ele, a IA atual não se devia chamar IA, mas sim Machine Learning, por análise estatística em larga escala. As IA atuais o que fazem é: analisam estatísticas, frequências, em enormes bases de dados e respondem de acordo com essa analise. Acrescenta:
“Tudo é possível através de análise estatística”, como explica Bertrand Meyer. “O que [estes sistemas] fazem é muito impressionante, fantástico, mas na realidade não há aqui nada de novo: é álgebra linear, do século XIX, e, claro, com toda a informação da Web: o facto de terem acesso a biliões e biliões de dados dá-lhes a possibilidade de obterem as respostas para velhas questões. Mas devemos sempre lembrar-nos que eles estão sempre a reproduzir padrões estatísticos que já funcionaram no passado. Nenhum destes sistemas está a fazer pensamento lógico.”
Para o professor os LLM (ChatGPT e afins) não são verdadeiramente capazes de criar programas informáticos originais genuínos, apenas fazem copy/paste já existente e apenas aplicam naquilo que é pretendido. Para ele, será difícil o que se chama atualmente IA, realmente substituir os humanos:
Já quanto a escrever na perfeição, os imperfeitos seres humanos continuam a ser melhores do que qualquer máquina. Desde logo porque têm a capacidade de olhar para trás e ver que não o fizeram corretamente - e corrigir. E depois porque fazem aquilo que nenhuma máquina é, de facto, capaz de fazer: ser criativos.
O que voces acham neste analise ao "IA" atual?