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Muito se tem falado sobre a vantagem dos primeiros a adotar a tecnologia das Bitcoins (early adopters) quando na verdade não estamos sequer nessa fase ainda. Estamos no início da etapa inovadora no ciclo de adoção da tecnologia. A fase de early adopter é a próxima. Defendo que os early adopters devem ser os que até agora têm sido sistematicamente desfavorecidos, especialmente as pessoas das nações pequenas e pobres, muitas das quais podem ser encontradas no continente Africano. Isto é desejável de um ponto de vista ético e justo, tais nações podem facilmente trazer algo que está faltando para a comunidade Bitcoin: milhões de usuários. Tais usuários podem nos ajudar a diminuir o abismo entre os entusiastas e os pragmáticos que é onde podemos ficar presos se nada fizermos.
Ser pobre não os exclui como usuários Bitcoin. Muitos países africanos têm cobertura de telefonia móvel bastante extensa e muitos desses aparelhos são capazes de executar um cliente Bitcoin para celulares de baixo custo, quando tal cliente for desenvolvido. Também é possível lastrear a moeda local com Bitcoins, como outras moedas utilizam o ouro. Ao contrário do ouro, seria fácil verificar o lastro, ligando um número de série com uma conta de Bitcoin em um banco de dados da Web. Se isso for feito, implicitamente significaria uma transação Bitcoin para cada transação em moeda local. Não é sequer necessário imprimir novas notas. Será que uma abordagem dessas perturbaria a economia? Não a menos que seja mal executada. Se bem executada, pode liberar grandes quantidades de capital para um país que o precisa de forma urgente. Uma vez que essas economias são estruturadas de forma bastante simples, consistindo principalmente em agricultura de subsistência e, portanto, carente de todas as interações complexas de uma economia desenvolvida, deve ser fácil prever os problemas e adiantar-se para evitá-los.
Por que o Banco Central abriria mão de sua maior fonte de poder que é o controle monetário? Bem, eles o fariam se obtivéssem algo melhor em troca: a chance de assumir algumas funções na futura economia global Bitcoin. Os efeitos de rede semeados pela adoção de um estado fariam da Bitcoin um animal totalmente diferente. O comércio dentro daquele país teria que ser conduzido através das Bitcoins, exigindo que muitas entidades comerciais a adotassem. Tendo a inércia de uma economia real tornaria a Bitcoin estável e, portanto, útil para mais comerciantes. O efeito de rede levaria o país de um albergue para uma potência econômica local.
Da onde é que vem a entrada de capital? Obviamente, isto é uma bomba. E no final, pode haver algum despejo. Onde é o fim? Tenho poucas dúvidas de que os especuladores levariam o preço muito além $ 1000 uma vez que a imprensa espalhasse a notícia, especialmente considerando que uma grande quantidade de Bitcoin foi desnatada para fora do mercado naquele momento pelo banco central.
Com essa idéia e uma apresentação no meu laptop eu fui a uma série de embaixadas no ano passado. Eu tinha uma versão do vídeo "O que é Bitcoin", uma série de cartas, e o objetivo de trabalhar o meu caminho até o banco central do governo para vendê-los a idéia e para introduzir um diálogo sobre a melhor forma de adaptar isso para os requisitos da nação. Engraçado, acho que só o embaixador do Zimbabwe parecia realmente entender a questão integral. Eu estava um pouco receoso do Zimbabwe em primeiro lugar por causa de sua reputação em como tratam as pessoas de cor branca e eu meio que esperava um chute na bunda. Acontece que eles foram muito simpáticos e muito acolhedores. No entanto, o Zimbabwe não se enquadrava muito bem na minha lista porque é um país muito grande. Mas, uma vez que atualmente não possuem sequer uma moeda, eu pensei que não faria mal ir direto ao ponto - neste caso, propor a adoção direta das Bitcoins como moeda nacional, sem menos. Uma vez que o embaixador havia entendido o que são as Bitcoins, ele foi direto ao ponto de lavagem de dinheiro e parecia que a idéia tinha lhe preocupado a partir daquele momento. Também parecia que a idéia de abrir mão do controle era muito estranha para ele. Essa foi a minha falha número 1.
A Embaixada do Malawi em Berlim é uma casa senhorial com vários SUVs estacionados em frente. Esta representação deve comer uma parte considerável do orçamento nacional, então eu pensei que os caras de lá devem ser importantes o suficiente para entender aonde eu queria chegar. Eles têm uma Conselheira para o Comércio e Investimento e ela parecia muito interessada. Eu deixei a embaixada com a promessa de me conectar com as pessoas relevantes no banco central e uma série de folhetos que me fez querer ir para lá como turista, tal contato ficou apenas na promessa.
Burundi foi onde eu coloquei a maioria das esperanças. Este país, juntamente com a Ruanda, está caminhando para um desastre como já aconteceu há 20 anos. Eles precisam fazer alguma coisa. Qualquer coisa! Eles são uma nação de filhos. Sua idade média é de 16,5 anos. A maioria dessas crianças não terão lugar na sociedade uma vez que ficarem mais velhas. Há apenas um caminho para todos esses futuros homens jovens: a guerra. Seu PIB é do tamanho certo e atualmente o país é relativamente estável. Encontrei sua embaixada em um apartamento alugado no 3º andar de um edifício degradado do século 19, em cima de uma loja de flores. Pelo menos eles têm um senso de proporção. O embaixador era um homem de 30 anos, que trabalhou no banco central de Burundi antes. Isso me deu ainda mais esperança. Pelo menos até que sua experiência de trabalho no banco central o levou a rejeitar a idéia com argumentos que, na minha opinião erraram o alvo por vários anos-luz.
Eu nunca fui além disso. Bitcoin é uma oportunidade para as economias incipientes, especialmente para países como Ruanda e Burundi se levantarem e começarem a andar sozinhos. E dói vê-los deixar escorregar essa oportunidade por ignorância. Espero que alguém com as conexões certas leia este artigo e leve a idéia adiante.
Ruediger Koch
fonte: http://bitcoinmedia.com/our-next-adoption-phase/