Topic: Hipótese (Read 1123 times)

Thanks, bro!

Lucido como sempre

Agradeço a discussão e os esclarecimentos, porém não concordo sobre a afirmação da descentralização, afinal há inúmeros intermediários entre eu te pagar em bitcoins de forma segura e entre eu comprar bitcoins de forma segura.



Compreendo seu ponto a respeito do valor subjetivo, talvez tenha me expressado mal, porém a moeda fiduciária, dinheiro é dívida e isso é o mais próximo de valor intrínseco que ela tem, a própria dívida que ela se criou. Minha questão ainda não foi esclarecida: Não seria uma armadilha acreditar na necessidade de basear-se na moeda fiduciária apenas porque ela é jovem?
Isso traz diversas consequências. Sustentar o valor subjetivo requer como qualquer afirmação um "consenso" de dizer que uma pizza valha hoje X BTC mas um hd valha X' BTC
O que faz pensar em aceitação/depreciação, etc

Bom-dia a todos!
Obrigado por participarem do fórum!
Esclarecendo algumas concepções equivocadas em relação ao bitcoin:

1 - "Estabilidade"

A grande preocupação em relação à estabilidade se deve à possibilidade de prejuízos. Os detentores de bitcoins não se incomodariam se a "instabilidade" se manifestasse numa valorização de 10% ou 200% no decorrer de um mês, por exemplo.

Os comerciantes que aceitam bitcoin, entretanto, poderiam ter dificuldade em ajustar continuamente os preços para uma moeda com volatilidade quase minuto-a-minuto. Para isso o mercado criou o Bitpay, que ajusta no momento da compra o preço em moeda fiduciária local à cotação do bitcoin, repassando ao comerciante em moeda local (caso ele prefira) sob uma taxa de apenas 1% (bem inferior à de cartões de bancos).

A volatilidade do bitcoin é natural em virtude de estar na infância de seu desenvolvimento (muitas pessoas jamais ouviram falar de bitcoin; poucas pessoas que possuem uma boa quantidade de dinheiro nunca ouviram falar de dólar). Outro motivo é a ausência/quase ausência de um mercado de futuros líquido, como existe o forex para moedas fiduciárias. Um mercado de futuros atenua as oscilações de qualquer ativo (veja link da comparação entre petróleo e cebola: http://mjperry.blogspot.com.br/2012/04/what-can-onions-teach-us-about-oil.html)

2- Denominação em dólar
A denominação em dólar é natural por se tratar da moeda mais líquida do mundo. Se você preferir denominar em gado, cortes de cabelo ou pizza, o bitcoin teria o mesmo gráfico. Todos querem uma moeda que não perca valor (em bens e serviços) ou ganhe valor com o decorrer do tempo. Está e a FUNÇÃO (esquecida ha umas duas gerações) de qualquer moeda. Um fazendeiro americano esclarecido do século XIX talvez se recusasse a aceitar moeda-papel dos dias atuais.

3- Objetivo de "lucrar"

É óbvio que quem compra bitcoin deseja lucrar, do mesmo modo que quem compra uma casa deseja ter resultado melhor do que alugando, ou compra um carro porque é melhor do que andar de táxi, ou compra alimentos para cozinhar porque é melhor do que ir ao restaurante. O surpreendente é ver 99,9% da população mundial conformada com o fato de que usa como reserva de valor um papel pintado, que pode ser impresso de modo feroz (e É IMPRESSO a taxas aceleradas), sendo distribuído conforme os desígnios de uma dúzia de indivíduos.

O bitcoin pode não ter quase nenhum CUSTO para ser gerado, mas ele tem um VALOR, a meu ver, superior ao do ouro. Permite transações rápidas (comparando-se com outros meios), a um custo quase zero, no mundo inteiro; dá a alternativa do anonimato; com mínimos cuidados (paper wallet), é praticamente impossível de ser roubada, tributada, confiscada ou hackeada; é facilmente divisível (mais fácil do que derreter ouro ou procurar notas menores para comprar uma bala) e concentrável (não precisa levar barras de ouro para comprar uma fazenda/indústria, basta um papel); é descentralizada e dispõe do maior poder computacional distribuído no mundo (quase impossível de ser "desligada/proibida" por governos), permite negócios peer-to-peer: você pode viver para sempre sem entrar num banco, sem passar pelo escrutínio financeiro do governo - basta comprar/vender bitcoins diretamente de clientes, amigos, parentes.

É difícil falsificar bitcoins; ouro e dólares são mais facilmente trocados por tungstênio ou papéis impressos de modo semelhante. O Bitcoin é uma mercadoria de extremo valor no mundo atual.

4- "Pirâmide", "ponzi"

Pirâmide é um negócio que, por definição, é insustentável, não traz valor algum, e SÓ aufere lucro aravés da chegada de novos participantes (ex: telexfree, que pressupõe um pagamento de mais de 10 reais por anúncio publicado em sua página de facebook, quando o mercado paga fração de fração de fração de centavo).

Os primeiros compradores de bitcoin são comparados aos primeiros que compraram ouro ou terras férteis nos EUA. Eles imaginaram que um metal reconhecível e não diluível poderia ser usado como moeda [SE OUTRAS PESSOAS ACEITASSEM NO FUTURO], bem como terras férteis serviriam para produzir alimentos e criar animais [SE OUTRAS PESSOAS ALI FOSSEM MORAR NO FUTURO].

O curioso é observar que o Bitcoin é absurdamente superior a qualquer alternativa de moeda presente no mercado, que é uma questão de tempo até as pessoas decidirem se livrar de ser roubadas em 40% ou mais de seu trabalho por ano...e ainda assim chamar o Bitcoin de "pirâmide".

5- Outras cryptocoins

Há o risco de surgir algo melhor do que o bitcoin, de fato. Por outro lado, o poder computacional do bitcoin é muito superior do que o das altcoins. Talvez cada moeda tenha uma função/escopo característico. O risco de "copiarem" o bitcoin é o mesmo de "copiarem" o facebook - o difícil (mas não impossível) é fazer todos migrarem para algo exatamente igual.

Não se esqueça de que há o risco de as pessoas deixarem de enxergar ouro ou imóveis como reserva de valor. Isso permitiria quedas acentuadas no valor de ouro e apartamentos (imagine uma máquina que imprima 3D prédios inteiros com pouca participação humana, economia de materiais e mínimo uso de terrenos? Que tal uma redução de 50% nos preços?). 

O Bitcoin é uma das maiores invenções do homem. Vivemos um momento único na história do mundo. O problema é conseguir prever quando o bitcoin se tornará mainstream. O ser humano nem sempre é racional. Há centenas de milhões de fanáticos religiosos, muitos sociopatas e ladrões no mundo. Quero acreditar que não são maioria. Pode levar 3 anos ou 30, 300 até o bitcoin ou algo semelhante ocupar o espaço de moeda dominante. Até lá, pode fazer sentido reservar uma pequena/discreta, talvez média porção de seu patrimônio em bitcoins.

E se eu te disser....

Que nada tem valor intrínseco!

Olá a todos, venho estudando e aprendendo a respeito do Bitcoin e a economia crypto em geral.
Sua filosofia é impressionante, porém levanta muitas dúvidas e talvez eu me contradiga devido à pouca informação.
Acompanho a sessão Economics do fórum onde são levantadas hipóteses e esclarecimentos do funcionamento da teoria econômica do Bitcoin, e algumas coisas esclarecidas lá foram dúvidas que levantei ao longo dessas poucas semanas que conheci essa nova economia. Porém algumas não foram bem entendidas e gostaria de levantar essa hipótese:

Não seria a necessidade de se atrelar à moeda fiduciária uma má interpretação do que é comumente chamado de "mal necessário"? Entendo que a necessidade de estabilidade e valor intrínseco para que seja uma moeda líquida mas Bitcoins não tem valor e sim preço, porque nesse caso a oferta/demanda do Bitcoin é baseada em moedas fiduciárias, o que não traz o valor e sim, preço. Essa demanda atual representa isso (atualmente depois da alta valorização e logo depois o panic sell para se "estabilizar" a partir de 8 de maio). Pois o que faz (simplificadamente) a necessidade da moeda fiduciária é sua aceitação/depreciação e "estabilidade", ou liquidez de mercado, a coisa de se chegar num restaurante, na loja ou padaria e trocar o valor pelo produto/serviço. O que é exatamente o que o Bitcoin não tem, liquidez. Porque é jovem sim e porque não há muitos produtos/serviços que fortalecem a economia, mas também não seria porque é uma má interpretação de "mal necessário" o fato de ser jovem e ter que se basear na moeda fiduciária? O que (me) leva à conclusão lógica do porque a demanda do bitcoin vêm aumentando tanto e puxando os preços para cima: dinheiro, lucro na moeda corrente.

A hipótese é que se a mera necessidade de se atrelar à moeda nacional não seria um "fim da linha" da filosofia de boa liberdade, mesmo considerando que é necessário que haja valor intrínseco no Bitcoin para que tivesse valor de troca de produtos/serviços, a exemplo do sal antigamente um "consenso". Quanto mais eu leio percebo a sofisticação que se passa na mineração: compra/venda de hardware que agora se especiliza ainda mais que o FPGA, os ASICS, máquinas de fazer dinheiro literalmente segundo a hipótese. Não é levar para o lado pessimista da coisa ou perspectiva de ganância, mas são fatos. BTC é cotado BTC/Moeda fiduciária. Parece que a liberdade do conceito é liberdade de não depender de bancos (o que é incrível), mas também parece ficar por aí, porque não há descentralização total com exchanges. O que não descarta que uma moeda deva ter valor intrínseco. Gostaria de levantar essa questão, estou errado ou é um mal necessário até se tornar "independente"? Mesmo assim vou pagar pra ver e ajudar, oferecendo minha arte e que talvez de gota em gota pelo menos nos livremos dos banksters.



Eu acredito no potencial igualitário da liberdade de uma economia baseada em uma troca mais próxima ao funcionamento da natureza onde há perda de 0% e adaptativa. Esse potencial é paralelo ao Bitcoin na minha opinião, ele pode e talvez deva ser uma das chaves.