Da forma que você falou, continua uma economia dólarizada (ou nesse caso, "real-izada").
Não vejo dessa forma. Os preços não são contratos vitalícios com a moeda.
Quem vive no Brasil e vê os efeitos da inflação sabe bem isso. Basta ir num supermercado ao longo de míseros 3 meses que é impossível não sentir a variação dos preços.
Ou então efeitos da estação, o tomate varia de 3.99 a 12.99 ao longo do ano, por exemplo.
Não é por que os preços mudam que as pessoas não estão contabilizando os gastos naquela moeda. Além disso, toda moeda tem valor flutuante, inclusive o real, dólar e bitcoin.
O primeiro passo para ver os preços em bitcoin e raciocinar em bitcoin seria pagar em bitcoin pelo preço que as coisas valem, e não pelo preço que alguém gostaria que elas valessem (tipo dobrar tudo de preço pq o bitcoin agora vale o dobro do valor).
Aqui teria de ser algo semelhante. Imagina que El Salvador fazia uma transição radical para o Bitcoin, deixando de usar outra moeda. E imagina que na altura, definia que todo o dinheiro em El Salvador era cambiado para Bitcoin a taxa X.
Isso é exatamente o exemplo do que não se deve fazer. Politicas de cambio fixo já se mostraram um fracasso no mundo inteiro, basta olhar o exemplo da Argentina ou da Venezuela. Lá o cambio é fixo (o governo diz de manha quanto vale o dolar hoje).
Resultado? Existem
14 cotações do dolar diferentes, entre legais e ilegais (quanto mais ilegal, mais "real").
No final, os habitantes cagam pro cambio oficial e so usam o paralelo.
No caso do bitcoin, imagina o governo falando "Aqui o bitcoin vale 30k USD".