Não obrigado. Essa história de fundar nações na internet eu já vi outras vezes. Sempre dá em nada. Teve uns malucos que já fundaram várias "Nárnias" Virtuais e não deram em nada. Apenas eles conseguiram arrecadar uma graninha extra de outros malucos. Tem maluco para tudo na Net.
Apesar de entender o conceito, não concordo com essa ideia.
Todas as empresas foram "startups", a questão é que já existe a muitos anos. Mas na realidade, elas acabaram por não vir competir com as grandes corporações, pelo menos enquanto eram "startups".
A Google veio ocupar um espaço pouco explorado. Talvez o único concorrente era a Yahoo e mesmo assim a Yahoo era um portal com motor de pesquisa, e não era simplesmente um motor de pesquisa. Então, nem foi bem um competição com ela. Com o seu crescimento, sim, passou a competir com empresas já estabelecidas por anos, mas nessa altura já não era nenhuma "startup".
O Facebook veio ocupar um espaço também ele pouco trabalho. Tinha o Hi5 ou Orkut, mas mesmo na realidade não eram grandes corporações, eram também startups que acabaram por não vingar.
A Amazon nem se fala, nasceu sem concorrência.
Enfim, quando essas empresas nasceram, não vieram para competir com nenhum gigante. Por sua vez, hoje, a probabilidade de uma startup desse gênero ficar grande para competir é cada vez menor, porque os gigantes vão comprar.
Temos um exemplo bem recente, o OpenGT. O facto de ter crescido tanto, já tem a Microsoft ao seu lado, e mais cedo ou mais tarde vai a comprar. Mas se não fosse a Microsoft, tinha sido outra grande empresa a posicionar-se para fazer isso.
Existem iniciativas e iniciativas!
Uma coisa é um grupo de pessoas que quer "fundar" um país novo.
Outra é uma comunidade de pessoas com o propósito e os valores alinhados e com capacidade de ações coletivas.
Trazendo por mundo real, o melhor paralelo seriam os judeus: Pessoas com os mesmos valores, descentralizados, mas com grande capacidade de ações coletivas, a ponto de pressionar a comunidade internacional com reconhecimento diplomático de terras.
E aqui já entra-se em uma divisão dentro da tese: A de "land first" ou "land later".
Outra narrativa é quanto à adoção ou reformas de políticas, leis, governança. Dentro de um país, é quase impossível testar antes esse tipo de implementação.
E aí tem o conceito de sandbox, que na tecnologia é amplamente utilizado: Cria-se um ambiente de teste para ver como as reformas irão desempenhar e depois decide-se por incluir ou não na "rede principal".
Esse conceito hoje é o de Zonas Econômicas Especiais.
No Brasil temos a Zona Franca de Manaus que atua sob algumas premissas (fiscais e tributárias apenas) diferentes da do restante do país!
As mais conhecidas talvez sejam Singapura e Hong Kong, que adotaram modelos de governança diferentes, geralmente mais pró liberdade e pró mercado, e menos intervencionistas.
E atrairam muito mais talentos, empresas, pesssoas e consequente desenvolvimento, renda, baixa pobreza em relação aos seus pares (Malásia e China).
Não à toa, a China pra evitar um choque de realidade muito grande quando recebesse Hong Kong de volta, adotou uma ZEE em Shenzhen com governança diferente do restante da China, e a cidade saiu de uma vila de pescadores para 12 milhões de pessoas e uma economia/riqueza/pib per capita muuuito acima do restante da China.
Existem diversas iniciativas.
Fundar um país, é a cereja do bolo. Mas durante a jornada, tem muita coisa que dá pra fazer ajudando os estados atuais a terem uma governança mais aberta, livre, transparente.
Tem o case de Taiwan também, onde a sociedade civil entrou no meio e conseguiu gerar muito mais transparência e inclusive participação ativas em várias deliberações.
Hoje vários nômades digitais já escolhem viver em países que são mais amigáveis. E a tendência é continuar. Cada vez mais existirá uma competição por talentos, recursos, pessoas. E na história da humanidade, sempre prosperou mais quem era mais pró liberdade e mercado.