Não é por que alguem aleátorio criou uma moeda chamada PepeDogeCoin que o Bitcoin ganha má fama. O Bitcoin JÁ TEM má fama entre diversas pessoas, que o acham uma tecnologia inutil, que gasta muita energia, e que é basicamente um esquema de qual trouxa arranja outro trouxa para pagar mais caro. A comunidade do Buttcoin que só existe para falar mal do Bitcoin existe desde 2011, o Peter Schiff chama o Bitcoin de pirâmide desde os primordios. Isso independe de qualquer memecoin.
Isso é verdade, mas as coisas estão um pouco noutro patamar agora.
No inicio, realmente o Bitcoin foi catalogado dessa forma, e infelizmente foi realmente muito usado para esquemas. Essa fase passou, e o Bitcoin hoje já não é visto bem assim. O que é visto assim é o nome "bitcoin". Em que sempre que se fala em blockchain, fala-se em "bitcoin", mesmo em casos em que o bitcoin não tem nada relacionado.
E nesse caso a culpa não é de altcoin, memecoins, shitcoins ou outra coisa qualquer que querem chamar. Mas, sim da comunicação social, que quer aproveitar o nome "bitcoin" para atrair as pessoas/leitores.
Imaginem que sempre que surge uma noticia sobre automóveis, falassem da Ford, porque foi o impulsionador do automóvel atual. Não fazia sentido, pois não?
Mas, é o que acontece hoje com o Bitcoin. Sai uma noticia qualquer sobre o mercado cripto, existe sempre um paragrafo sobre o Bitcoin, só porque sim, apesar de ser irrelevante para a noticia.
De resto, concordo totalmente, que haverá sempre quem esteja contra o próprio Bitcoin, e que continua achar que isto tudo não passa no maior esquema fraudulento da historia financeira.
No entanto, no caso das shitcoins, muitas vezes são os próprios projectos criados em cima do joelho, com miúdos que por brincadeira criam uma shitcoin mas que a meio não sabem lidar com a parte financeira e económica e até com outros aspectos como por exemplo a gestão de fundos, e os projectos morrem e quem se lixa é quem lá meteu dinheiro com promessas do quick profit!
Ora ai esta o ponto. O problema não é o surgimento de criptos, mas sim o facto de surgirem projetos muito mal desenvolvidos e que acabam por caírem porque foram mal desenvolvidos.
Por exemplo, a Helium.
A ideia base do projeto era a criação de uma rede de baixa frequência, que iria permitir comunicações de dispositivos IoT a custos mais baixos e fora dos impérios das comunicações. Mas, para isso funcionar é preciso espalhar antenas/hotspots. Uma forma de motivar as pessoas a instalar hotspots era através da distribuição de um token/coin criado por eles.
Sim, deves estar a pensar que podia ter sido em BTC. E podia! Mas o problema não foi a coin que criaram, ou o facto de não usar BTC - que até podiam ter usado.
O problema foi que em menos de dois anos, eles mudaram as "regras do jogo", quando milhares de pessoas tinham encomendado hotspots que ainda não tinham recebido. As recompensas reduziram, e os ganhos não vinham maioritariamente da mineração/hotspots, mas de fazer staking. Alem de outras mudanças, sem muito sentido para este projeto. Ou seja, tinhas investido 400$ ou 500$, num equipamento na perspetiva de um determinada rentabilidade, e depois ficas a saber, ainda antes de receber o equipamento, que essa rentabilidade reduziu para 3x menos.
Mesmo que eles tivesse usado o BTC como moeda de recompensa, podia ter criado o mesmo problema para "matar" o projeto. Ou seja, as pessoas comprava hotspots, mas depois para receber BTC, tinha de deixar o BTC na carteira deles, para ganhar juros.
Resumindo, o problema em muitas vezes nem esta no token criado, esta no rumo que o projeto leva e nas pessoas que estão a frente.