Exatamente, compartilho do mesmo ponto de vista do @alegotardo! O problema não é o KYC em si, mas como ele foi potencializado e acabou se tornando uma verdadeira ameaça.
Quando estamos lidando com uma instituição financeira aqui no Brasil e estabelecemos alguma ponte utilizando uma moeda fiduciária, logicamente algumas informações são necessárias, mas até que ponto? O exemplo que ele deu sobre o gerenciamento de transações realizando transferências de mesma titularidade e a não utilização de depósitos que não sejam na boca do caixa, são mecanismos que trariam essa camada de segurança. Seria ela suficiente? Nada é 100% imune à falhas (principalmente quando envolver o ser humano no processo), mas esse aglomerado desnecessário de informações pode municiar agentes de má índole (internos ou externos ao serviço), como dissertado no artigo do miau.
Sabemos que a cultura da transação irreversível e o conceito de sermos nosso próprio banco é algo longe de ser unanimidade dentro da cripto comunidade. Mas meu entendimento é que isso ocorre essencialmente por desinformação e, em muitos casos, até comodismo. Os usuários não se dão conta que na
era da informação são justamente dados como esse que acabam por ser um dos nossos bens de maior valor.
Digamos que um destes serviços utilizados por você acabe sendo comprometido e todas estas informações acabem, como o artigo sugestiona, na darknet. Como ter o controle de operações feitas sob sua identidade em uma escala global quando sequer temos esta visibilidade localmente? Quem garante que sua identidade não está sendo personificada por alguém em outro país para criar um negócio de fachada (como o @paredao exemplificou) ou dar entrada em produtos ilícitos? Não estamos aqui afirmando que são problemas não solucionáveis, mas eles demandarão tempo, recurso e, convenhamos, uma marca que efetivamente você talvez não consiga mais apagar. E o pior disso tudo... no final do dia, pode ser um problema cíclico! Afinal, como dizem: o que entra nada rede, está lá para sempre. Você simplesmente nunca terá a plena certeza de que o processo está se repetindo mais uma vez em outra região, com outros propósitos, por outra pessoa.
O mínimo de garantia que se pode ter é apostar nos canais mais sólidos (lê-se: serviços que mostram credibilidade). Se com eles já não necessariamente a encontramos, quem dirá para o restante. Alguns dirão que essa possibilidade existe até nos níveis mais baixos (dos ISP, ou provedores de internet), mas porque temos um possível ponto de falha, abrimos mão de nossa privacidade e criamos outros?!?
Quantos aqui se registraram em uma exchange e efetivamente sequer leram os termos antes de enviar as informações necessárias para o KYC? Garanto que a maior parte. Penso que o artigo e essa discussão tem como propósito justamente dar corpo ao melhor entendimento do que se trata e quão importante esse processo é para cada um de nós.