Todos temos visto ultimamente todo hype sobre o blockchain.
Os "especialistas" falam em palestras, congressos, e pela internet que o blockchain é uma tecnologia revolucionária, que pode ser aplicada em diversos setores da indústria e até mesmo para atividades governamentais e de carácter coletivo dentro do Estado, como por exemplo as eleições. Inclusive essa semana, a cidade de Zug na Suíça, conhecida pela maioria por aqui, irá realizar eleições utilizando blockchain.
Além disso, quando falamos sobre transações financeiras, estamos observando grandes players entrando no mercado, e há uma forte tendência que bancos utilizem o blockchain em suas operações, aqui recentemente observamos algumas declarações do Itaú sobre utilizar XRP.
A mídia é realmente fantástica e vende o que ela quer vender, todos sabemos.
Em Dezembro 2017 os comentaristas de economia, na sua maioria, adotaram o tom de bolha quando o assunto era o BTC. A partir de Janeiro/Fevereiro 2018, começou-se a falar que o blockchain, a tecnologia, veio pra ficar mas que o BTC não iria durar por pertencer a um mercado meramente especulativo. Esse era o início do discurso que nos iremos ver daqui pra frente.
O conhecimento liberta o homem, logo, aquele que é privado do direito de aprender é obviamente manipulado com mais facilidade. Há ainda, aqueles que recebem a chance de estudar, e o fazem muito bem com o foco único e exclusivo de conquistar o status quo na sociedade, há uma música do Dead Fish chamada Sonho Médio, trata bem sobre esse tema.
O fato é que, para ambos os grupos, muita coisa é deixada de lado sem que seja despertada qualquer faísca de questionamento quando o tema é a estrutura social e econômica que vivemos. Vamos limitar esse raciocínio ao Brasil somente e tratar por analogia o nascimento de um (a) Brasileiro (a) a um jogo, esse jogo tem regras e a principal delas chama-se Constituição Federal.
Não estamos acostumados a criticar ou a querer mudar as regras desse jogo, afinal de contas elegemos "representantes" para que possam fazer isso por nós. Eles fazem as regras e nós jogamos o jogo. Há aqui uma estrutura centralizada muito clara, o Estado.
A mesma estrutura de operação com a qual estamos acostumados quanto ao Estado, aplica-se aos Bancos. Elege-se (escolhe-se) um banco, abri-se uma conta, e ele na figura de um representante, no caso o gerente de agência, recomenda o produto que é "melhor" para o cliente. Pura mentira, qualquer um que já tenha trabalhado em um banco sabe que vende-se aquilo que é necessário para bater a cota do mês.
Em ambos os cenários temos figuras centralizadoras que mamam nas tetas dos clientes e da população.
1 - Eu desafio qualquer um a apresentar um Balanço de um banco que apresente prejuízo de um exercício para outro;
2 - Como pode o Brasil entregar uma porcaria de serviço em qualquer área que você queira escolher, se pagamos uma das maiores taxas tributárias do mundo?
Os bancos, vão aderir ao Blockchain, e modificar o que for necessário para vender ao público que o que ela possibilita é somente mais velocidade nas transações 24/7, ou mais segurança, a mídia vai endossar. E aqueles que não tiveram a oportunidade de aprender ou que aprenderam mas estão muito ocupados pagando parcelas de carros e casas e outras dívidas, não irão perceber a possibilidade de evoluirmos o módulo social e econômico de realizar transações, modificando completamente as regras do jogo que já estavam escritas antes mesmo de nascerem.
Utilizar o blockchain tanto na política, quanto para transações financeiras sob a mesma arquitetura operacional que conhecemos hoje é desperdício. É jogar no lixo a liberdade e o poder individual de cada cidadão que pode se manifestar de forma coletiva.
O maior acionista que temos é o Estado, seja você PJ ou PF, o Estado garfa a maior parte da sua renda e não há nada que você possa fazer para mudar essa regra. Mas por qual motivo precisamos dar dinheiro ao Estado?
Para que ele possa manter uma Estrutura pesada e incompetente. O Brasil ocupa uma posição ridícula no índice de alfabetização, IDH, etc, etc etc. Somos vítimas de gestores incompetentes que não conseguem dar conta de das receitas de um país como o nosso. Novamente a pergunta, por que essa estrutura é necessária?
Essa é uma estrutura imperialista, vem desde a época Feudal. E por mais que a maquiagem disfarce com a tal da democracia, a estrutura é a mesma, poucos estão no topo da pirâmide e muitos na base.
A organização coletiva de pequenos blocos produtivos, obviamente de maneira planejada e organiza (não é pão com ovo), com a utilização de um sistema de governança e pagamentos coletivos, poderia perfeitamente gerenciar serviços a favor da sociedade fazendo com que a participação do Estado se torne desnecessária. Um simples exemplo, é que se eu tivesse a opção de não pagar impostos, pagaria tranquilamente por uma patrulha particular pela cidade, hospitais e escolar particulares assim por diante. Pois hoje o que é acontece é o double spending, onde eu preciso pagar impostos para ter serviços básicos, e preciso pagar novamente um serviço particular quando necessito usar, pois sabemos a qualidade dos serviços prestados pelo Estado.
Na adolescência li sobre um cara chamado Mikhail Bakunin, e junto com muito Bad Religion tive minha forma de ver as coisas totalmente modificada e passei a questionar essas regras do jogo.
Quando li o white paper do Satoshi e descobri a real essência por trás do blockchain e o BTC, que os colegas certamente conhecem melhor do que, vi aquele sonho utópico de Anarquia surgir, mas como há de ser, a mídia (o governo e os Bancos são os responsáveis pela principal linha de receita em qualquer emissora de TV) vai vender o que quiser e aqueles sem oportunidade de entender melhor a proposta real desse tecnologia vão acreditar, e o jogo seguirá como está.
Será?